Enquanto
pela manhã saboreava um café, liguei a televisão. Como não tinha em vista
nenhum programa especial o televisor sintonizou a última estação visionada
antes de o ter desligado na véspera. Era a TVI, como poderia ter sido qualquer
outra estação. Embora o meu interesse fosse o café e não tanto o programa que
estava a ser transmitido, não pude deixar de ouvir os intervenientes e de
perceber do que se tratava. Àquela hora, só podia ser o Goucha mais a sua
conversa fiada para entreter quem não tem mais nada para fazer e agradar aos
que não gostam de pôr os neurónios a funcionar. “Onde fui calhar”, pensei eu,
já prestes a mudar de canal. Mas antes de o fazer, ainda deu para ver que junto
do Goucha estava essa figura da intelectualidade portuguesa, a inefável Lili
Caneças e um outro entertainer de
lacinho, cujo nome desconheço. E de que falavam eles?, perguntar-me-ão. Daquilo
em que a veneranda dona de vestidos tigresse
é perita, da socialite. Ou seja, de
vacuidades. Não tenho nada contra as opções de cada um. Afinal, devemos comer
aquilo de que gostamos. Mas, convenhamos, que tal como há comidas que são um
veneno ou um lixo para o organismo, também há programas e actividades que
espremidos, nem para o caixote do lixo servem. É o caso. Mas mais do que o
espanto por se gastar tempo com “conversas de chacha”, a falar do que não vale
uma lesma cozida, é o ar de importância com que as ditas criaturas revestiam as
suas considerações. A única imagem que me ocorreu foi a de um balão: cheio de
ar e que uma vez rebentado ou esvaziado pouca utilidade tem. Felizmente tinha o
comando à mão e antes de acabar de sorver o meu café, mudei para outro canal.
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