terça-feira, 16 de setembro de 2014

O balão

Enquanto pela manhã saboreava um café, liguei a televisão. Como não tinha em vista nenhum programa especial o televisor sintonizou a última estação visionada antes de o ter desligado na véspera. Era a TVI, como poderia ter sido qualquer outra estação. Embora o meu interesse fosse o café e não tanto o programa que estava a ser transmitido, não pude deixar de ouvir os intervenientes e de perceber do que se tratava. Àquela hora, só podia ser o Goucha mais a sua conversa fiada para entreter quem não tem mais nada para fazer e agradar aos que não gostam de pôr os neurónios a funcionar. “Onde fui calhar”, pensei eu, já prestes a mudar de canal. Mas antes de o fazer, ainda deu para ver que junto do Goucha estava essa figura da intelectualidade portuguesa, a inefável Lili Caneças e um outro entertainer de lacinho, cujo nome desconheço. E de que falavam eles?, perguntar-me-ão. Daquilo em que a veneranda dona de vestidos tigresse é perita, da socialite. Ou seja, de vacuidades. Não tenho nada contra as opções de cada um. Afinal, devemos comer aquilo de que gostamos. Mas, convenhamos, que tal como há comidas que são um veneno ou um lixo para o organismo, também há programas e actividades que espremidos, nem para o caixote do lixo servem. É o caso. Mas mais do que o espanto por se gastar tempo com “conversas de chacha”, a falar do que não vale uma lesma cozida, é o ar de importância com que as ditas criaturas revestiam as suas considerações. A única imagem que me ocorreu foi a de um balão: cheio de ar e que uma vez rebentado ou esvaziado pouca utilidade tem. Felizmente tinha o comando à mão e antes de acabar de sorver o meu café, mudei para outro canal.




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