sábado, 20 de setembro de 2014

O senhor que se segue

O referendo da Escócia deu a vitória ao “Não”. Os independentistas perderam, os unionistas ganharam. Aceitando a derrota, o chefe do governo escocês apresentou a demissão (http://www.sol.pt/noticia/115320). É assim a democracia. Venceu a democracia. E em democracia (na verdadeira), as responsabilidades pelos erros selam-se e traduzem-se por demissões. Não sei se foi a decisão acertada ou não. Tal como ignoro se tudo ficará na mesma, na Escócia e na Europa. Como também não sei qual seria o panorama futuro se o “Sim” tivesse ganho. A minha bola de cristal fez greve. Sei (ou prevejo, que vai dar no mesmo) que a causa independentista tanto na Escócia, como noutras regiões europeias (uma trintena, segundo cálculos de alguns) não vai desarmar e a porta aberta pelos Escoceses irá provavelmente manter-se aberta por muito tempo, a menos que os velhos políticos e governantes europeus mudem a agulha do seu comboio governativo. Na vizinha Espanha, perfila-se para Novembro uma consulta junto dos Catalães para saber se eles apoiam uma Catalunha independente. Não me espantaria se em Moncloa os partidos do arco da governação seguissem o exemplo dos seus pares britânicos e prometessem, sob garantia jurada, ainda mais poderes autonómicos para as regiões e comunidades históricas espanholas. Talvez os meus netos cheguem a ver uma Espanha federal e os meus bisnetos uma Ibéria federalizada. É que Espanha é um país de várias nações. E a Espanha apropriou-se de dois termos (Hispânia e Ibéria) de que todos os Ibéricos (Portugueses inclusive) são legítimos herdeiros. Cá pelo burgo, não me espantaria que J. A. Jardim, levado pelo entusiasmo, exigisse também uma independência para o seu arquipélago. Pessoalmente nada tenho contra essa pretensão – numa democracia (numa democracia a sério), a voz do povo deve ser ouvida. Pessoalmente não sei se a Madeira-nação seria viável (a minha bola de cristal continua em greve). Mas pessoalmente, também, não me espantaria que, se não desse certo, algum dos luminares madeirenses pedisse à República Saaraui que aceitasse as ilhas como uma região autónoma local…


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